segunda-feira, 19 de setembro de 2011

VEGETAIS

Quantas vezes ouviu dizer que comer vegetais é muito importante para uma boa saúde? E segue este bom conselho ou não?


Bem, na minha prática diária de consultor alimentar numa grande cidade como Lisboa sempre que menciono a importância dos vegetais a maioria das pessoas responde -"vegetais como todos os dias na sopa e também costumo comer salada de alface"; os mais jovens arriscam: "bem, costumo comer batatas fritas (quase sempre de pacote) e salada de tomate, às vezes ketchup". Em contrapartida, quando viajo pela província, "couves, nabos, cenouras" são ainda para muitos sinónimo de alimento diário, muitas vezes cultivado num pequeno jardim, contíguo à casa onde habitam.

A verdade é que o hábito de comer legumes diariamente e a cada refeição vem-se perdendo cada vez mais, ao mesmo tempo que um número crescente de estudos científicos enfatiza a importância destes alimentos na prevenção e mesmo terapia da maioria das doenças degenerativas modernas.

Nos últimos dois artigos escrevi sobre a importância dos cereais integrais e expliquei que os mesmos foram a base alimentar de todos os povos do planeta; bem, os vegetais sempre acompanharam os cereais e foram utilizados como alimento secundário (não que secundário signifique de menor importância, mas tão só ingeridos em menor quantidade, por razões climáticas, geográficas e outras).
Devemos utilizar no prato os mais diversos legumes e no caso concreto de Portugal temos uma extraordinária variedade à nossa disposição: cenouras, cebolas, nabos, rabanetes, rábanos, couve-flor, brócolos, abóbora, couve lombarda, nabiças, grelos, couve portuguesa e tantos outros preciosos legumes que fizeram parte integrante da nossa culinária durante séculos.



Os vegetais que actualmente são mais utilizados, o tomate e a batata, não são oriundos do nosso clima e se comidos em grande quantidade podem contribuir para alguns problemas como artrite, doenças de pele, problemas digestivos, problemas renais. Os tomates, as batatas, mas também os pimentos (verdes e vermelhos), beringela, pimenta, pertencem à famílias das solanáceas e são relativamente tóxicos, o que vem sendo confirmado por cada vez mais estudos; o Dr. Norman Childers no seu livro "Nightshades and Health" (As Solanáceas e a Saúde) reporta que o consumo regular de tomates, batatas e beringela é a causa primária de artrite e que em muitos pacientes que sofrem desta incapacitante doença quando se retiram estes alimentos da alimentação diária os sintomas de artrite desaparecem em poucas semanas.

Assim sendo, sugiro-lhe que reduza o consumo destes vegetais e que os utilize apenas em situações especiais; se tiver problemas sérios de saúde, o melhor é talvez eliminá-los completamente do seu regime alimentar durante algum tempo.

Quanto a todos os outros, comece já hoje a encher o seu prato com eles: não só a refeição ficará muito mais colorida, como ainda mais importante, isso lhe trará enormes benefícios à sua saúde.
Para tirar um maior benefício dos legumes aqui vão alguns conselhos importantes:
  1. Sempre que possível compre vegetais de origem biológica (cultivados sem produtos químicos) ou adquira-os em mercados pequenos, evitando de uma forma geral os vegetais de supermercado. A quantidade de pesticidas e herbicidas utilizados nos legumes modernos é assustadora e prejudica seriamente a saúde humana e a dos solos, contribuindo para um grande número de problemas ecológicos. Sabia que em apenas quarenta anos a contagem de espermatozóides em estudantes universitários baixou cerca de 40% e que muitos estudos apontam como causa directa para esta situação o uso de produtos químicos na agricultura moderna?
  2. Não retire a casca a legumes como a cenoura, nabo, rabanete, etc. : lave-os com uma escova de vegetais disponível no mercado de produtos naturais; quanto a vegetais como o agrião, a alface, couves, não os deixe dentro de água para os lavar mas passe-os somente rapidamente por água fria.
  3. Corte os vegetais de formas diferente e artísticas: consulte livros de cozinha especializados ou melhor ainda, frequente aulas de cozinha de forma a aprender estilos de corte lindíssimos que enriquecem grandemente o aspecto estético da refeição e melhoram também a digestão e absorção dos alimentos.
  4. Em todas as refeições, utilize legumes bem cozinhados e outros levemente cozinhados; os vegetais mais cozinhados fornecem energia e vitalidade enquanto que os levemente cozinhados fornecem frescura e ajudam a adquirir flexibilidade - neste caso não os cozinhe mais do que um minuto, de forma a que eles mantenham uma cor viva e um aspecto estaladiço. Um mau hábito existente em Portugal é de cozinhar excessivamente os vegetais, de forma a que eles percam todo o brilho e fiquem desprovidos de vitamina C.
  5. Coma uma boa variedade de vegetais de raiz - cenouras, nabos, rábanos, bardana, rabanete, vegetais redondos - abóbora, brócolos, couve-flor, couve lombarda, e vegetais de folha - grelos, couve portuguesa, agriões, nabiças. Os vegetais de raiz fornecem vitalidade e melhoram o funcionamento dos órgãos inferiores do corpo como os intestinos ou os órgãos reprodutores, os vegetais redondos tornam-nos mais calmos e beneficiam órgãos como o estômago, o baço ou o pâncreas e os vegetais de folha fornecem frescura e flexibilidade e activam os pulmões, coração e fígado.



Bem, espero que este meu artigo o inspire para começar a cozinhar estes fantásticos alimentos todos os dias; no próximo artigo escreverei sobre os principais vegetais disponíveis e as suas propriedades.


Por Francisco Varatojo

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