terça-feira, 10 de maio de 2011

Alimentos como Energia




"Ki", "Chi", "Prana", "grande vento" - são palavras que pode já ter ouvido ou lido em conferências, artigos ou livros relacionados com a filosofia e/ou medicina orientais. A palavra "ki" é utilizada pelos japoneses, "chi" pelos chineses, "Prana" pelos indianos, "grande vento" por algumas tribos de índios americanos. Outras culturas utilizaram nomes diferentes para definir o mesmo conceito.

Estes termos referem-se a uma "energia vital" que para os orientais cria, anima e permeia todos os fenómenos. O "ki" (termo que utilizarei neste artigo) é uma essência vital que se encontra em todas as coisas e tem aspectos quer da matéria quer da energia. As teorias da física moderna (particularmente da física quântica) que mostram uma alternância entre a matéria e a energia têm muito em comum com as teorias orientais milenares.

Na terminologia oriental a expressão "ki" faz parte dum enorme número de palavras que definem determinados estados físicos ou emocionais, quando, por exemplo, nos referimos à doença ou à saúde.
Assim, em muitos idiomas orientais não se diz, por exemplo, que uma pessoa está doente, mas sim que o "ki" da pessoa está a sofrer ou que o "ki" está doente, nunca que o corpo está doente ou que a mente está doente, porque a visão que têm dos fenómenos é global e energética.




A título de exemplo, refiro algumas expressões japonesas para que possa melhor perceber este conceito que sendo muito diferente da visão analítica, cartesiana, ocidental, é usado por muitos povos há milhares de anos.

Byo Ki (doença): significa o "ki está a sofrer" ou o "ki está desordenado"
Kyo Ki (louco, doente mental): significa "ki errado" ou "ki fora de ordem"
Ki Ga Shizumu (depressão): o "ki está a afundar-se", o "ki está a ir para baixo"
Yu Ki (coragem): "ki activo"
Ki O Ushinau (desmaiar): "perder o ki"
Ki Ga Chiisai (cobarde): o "ki é pequeno"

Nas disciplinas da medicina oriental o diagnóstico e o tratamento são realizados com base neste conceito: considera-se que a doença surge quando existe uma desarmonia nesta "energia vital" e utilizam-se técnicas como a Acupuntura, Moxabustão (aplicação de calor), massagem Shiatsu, "Asanas" de yoga, alimentação e outras para restabelecer um fluxo saudável ao longo dos "meridianos" e Chacras (respectivamente, canais bem definidos por onde esta energia corre e centros de energia).
A filosofia e medicina orientais consideram que o nosso carisma, alegria de viver, coragem, optimismo, são também expressões saudáveis desta energia vital que, quando flui adequadamente no nosso corpo, nos torna pessoas mais vibrantes e atraentes (não necessariamente no sentido físico da palavra atraente, mas mais dum ponto de vista humano e espiritual).

A ciência tem, duma forma geral, dificuldade em compreender e aceitar este tipo de interpretação da vida e dos fenómenos porque se baseia na observação e confirmação sensorial para validar os fenómenos, e isso não é fácil de fazer em relação à energia "ki" com a maioria dos métodos científicos de que dispomos actualmente. No entanto, o facto de não conseguirmos provar alguma coisa não significa só por si que ela não exista, tão só que não a conseguimos provar. Não podemos medir "cientificamente" o amor ou o ódio ou a compaixão ou a fé mas duvido que alguém possa pôr em causa o efeito desses estados de alma na nossa saúde ou bem estar. Descartes disse que "a ausência de prova não é prova de ausência", uma frase que nos pode ajudar a ter uma mente muito mais aberta e curiosa em relação aos fenómenos que podem parecer mais difíceis de entender.

Pessoalmente, estudo esta teoria há mais de 20 anos e estou profundamente convicto de que a vida é muito mais do que uma combinação de elementos químicos em diferentes proporções. Esta noção de "energia" pode ser o elo de ligação que nos falta para compreender muitos fenómenos aparentemente inexplicáveis.

Da mesma forma que tudo é "energia", os alimentos são e têm também uma energia, um "kiespecífico": podemos dizer que um alimento que nos faz sentir bem após é um alimento com um bom "ki"; e que um alimento que nos torna fracos tem um "ki" mais débil.

Alimentos que são produzidos por métodos naturais, com exposição adequada a factores como o sol, a lua, água de boa qualidade, etc, têm um "ki" mais forte do que os mesmos alimentos produzidos duma forma artificial e mais rápida, por exemplo, mesmo se nutricionalmente eles aparentam ter os mesmos nutrientes.

Alimentos confeccionados num fogão a gás, eléctrico ou microondas têm uma energia diferente, e essa energia criará condições físicas e emocionais diferentes quando os alimentos se transformam no nosso corpo.

Assim, para além de podermos avaliar os alimentos segundo os seus nutrientes (obviamente um método útil e importante, mas não completo), podemos também considerar este aspecto menos material: a forma como esses alimentos nutrem o nosso "corpo vibracional".
Para os orientais, absorvemos o carácter daquilo que comemos, pelo que um alimento "duro" cria "dureza", um alimento "mole" cria "flacidez". Um alimento "agressivo", cria "agressividade", um alimento "flexível" cria "flexibilidade", etc.

por Francisco Varatojo

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